Este mês não te apresentamos uma startup, mas sim uma investidora. Ana Paula Reis, Membro do Conselho da capital de risco Bynd - Venture Capital, esteve connosco à conversa para falar sobre o mundo dos investidores e dar também algumas dicas aos empreendedores sobre como se devem preparar para um pitch. Sabe tudo, aqui!

Convencer um investidor, sobretudo durante um pitch, de que a nossa ideia de negócio ou projeto tem potencial, nem sempre é uma tarefa fácil. Para te ajudar, fomos falar com a Ana Paula Reis. Nesta entrevista, a investidora explica o que é que os investidores mais valorizam, o que é que estão à procura e quais são os erros mais comuns dos empreendedores quando estão a preparar o seu pitch


A chegada ao mundo dos investidores:

Ana Paula Reis explica que antes de se tornar investidora, começou por criar as suas próprias empresas: “eu comecei neste mundo dos investidores, começando verdadeiramente pelo mundo do empreendedorismo, porque eu própria sou uma empreendedora”. Depois, diz que começou a dar sessões de mentoria, nomeadamente no programa Energia de Portugal (organizado pela Fábrica de Startups), e que, a partir daí, passou a ter um “contacto mais direto com estes programas e também com outros empreendedores”. Mais tarde foi convidada pela Busy Angels (agora Bynd - Venture Capital) para fazer parte do Advisory Board: “quando eles tinham temas que tinham a ver com marcas, com retalho e com a tecnologia aplicada à área de vendas, em particular, pediam a minha ajuda”, explica Ana Paula Reis. 


A equipa faz diferença:

Ana Paula Reis acredita que “uma má ideia se pode transformar num belíssimo negócio, se tivermos uma boa equipa” e que, por outro lado, “uma belíssima ideia pode ser arruinada, se a equipa, não for a equipa certa”. “Investir em startups, investir em novas ideias é, sobretudo, investir em equipas complementares, diversificadas, com um grande sentido do seu próprio propósito, até de vida de cada um e da forma como a vida de cada um encaixa na vida dos outros”, explica. Ana Paula Reis acrescenta, ainda, que “uma boa equipa não se agarra necessariamente a uma ideia”, ao contrário de uma “má equipa que se agarra à ideia inicial e, em geral, não tem capacidade para ver para além dela”. “Portanto, mais do que a ideia, a equipa vai fazer a diferença”, termina. 


Perceber o que o investidor procura:

Ana Paula Reis explica que quando um empreendedor está a preparar o seu pitch deve, em primeiro lugar, pôr-se “no corpo dos investidores, ou seja, deve pensar porque é que um investidor pode estar interessado, quais são os fatores que podem ser atrativos dentro do seu projeto, para esse investidor”. Para além disso, “deve pensar que um investidor está à procura de uma equipa que demonstre complementaridade, que quer um retorno do seu investimento e que quer perceber como é que esse retorno pode ser feito”, acrescenta. Ana Paula Reis diz, ainda, que o empreendedor “deve perceber que um investidor procura mercados com dimensão e procura uma determinada equipa”. “Um investidor quer colocar o seu dinheiro em projetos que tenham viabilidade no futuro e essa viabilidade é transmitida, sobretudo, pela própria confiança que a equipa vai ter naquilo que está a apresentar e que está a propor”, explica. “Eu diria que a chave é, ao preparar o pitch, pensar se eu estiver a colocar o meu dinheiro em alguém e no projeto de outro, o que é que eu gostaria de assegurar”, conclui. 


Um processo de negociação:

Ana Paula Reis diz que também é importante falar, procurar e investigar: “se eu vou apresentar o meu projeto a um grupo de investidores, é bom saber o que é que esses investidores procuram, fazer uma certa investigação”. “Nem todos os investidores procuram o mesmo tipo de projeto, o mesmo tipo de mercados”, explica. “Conhecer o outro é sempre a parte mais interessante destas questões, porque um pitch é sempre o início de um processo de negociação”, acrescenta. 


O grande erro dos empreendedores:

É pensar no seu negócio, na sua ótica, nas suas ideias e esquecer que o investidor, muito mais do que as suas ideias e a sua visão específica, quer saber como é que a ideia do empreendedor se aplica ao mercado e às necessidades desse mercado e como é que esta ideia se vai transformar num retorno acima da média”, diz Ana Paula Reis. Os empreendedores esquecem-se, muitas vezes, que “as suas opiniões são relativamente pouco relevantes, quando comparadas com aquilo que são as opiniões e a forma de estar e de ver e de olhar para o mercado e decidir dos seus clientes”, acrescenta. “Assumir que o mundo é o meu mundo, é o maior erro dos empreendedores”, conclui. 


A procura por projetos adaptados à nova realidade:

Ana Paula Reis é da opinião de que “os investidores vão, sobretudo, procurar projetos que tenham uma natureza mais adaptada àquilo que é a nova realidade, ou seja, projetos ainda mais globais, ainda mais digitais, onde estes processos de digitalização e de venda em remoto possam, de facto, afirmar-se”. “Eu acho que quem está na área do investimento em startups sabe que o mercado vai mudar e esta crise é um exemplo dessas mudanças”, acrescenta. Ana Paula Reis explica que “é natural que haja uma certa retração inicial, mas que depois deste período inicial de abrandamento, haja também um retomar, com uma estratégia de investimento adaptada àquilo que são estas novas realidades”. 


O caso da Bynd - Venture Capital:

Ana Paula Reis explica que na Bynd não pararam os seus investimentos, porque, segundo a própria, “há aqui também uma função importante de normalização, no sentido em que nós vamos continuar a investir”. “Nós estamos a rever a nossa estratégia de investimento, de acordo com o mercado e a reforçar os investimentos naqueles projetos que nós entendemos que, efetivamente, são projetos que estão mais adaptados àquilo que vão ser as novas realidades e exigências deste momento pós-Covid”, acrescenta. 



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